sábado, 26 de maio de 2007

Anos 19554/55 LUMBO e 1955/77 - NACALA

A minha 1ª Comunhão

1954 no Lumbo:


Sou a 2ª a comungar.






1ª Comunhão e Profissão de Fé com todo o grupo


Esq./dir
-Mabília, Elisabete Dias, ? Lúcia Alves,
?, Ana Maria Amorim, Elisabete Lima, Maria (filha Afonso), Elisa, ? Natália  Oliveira e Lena Martins.
O rapaz é o Mário de Freitas


26/06/1954 Clube Ferroviário -Lumbo 1954

Da a Dir/esq.:
Sou a 2ª menina.; a 3ª é a Elisabete Dias,
depois o Albano(?) a 11ª é a Natália Oliveira
, José Fernando, ? Carlos Andrade depois
a Lena Martins, Rui Ribeirinho e
Elisabete Lima ? Manecas, ?











Alunos e Professores no Lumbo- 1953? (foto cedida por Mário Freitas)














Os 1ºs alunos da Escola de Nacala
 em 1953.
(foto cedida pelo Genito Cortes)













(Foto cedida pela Alice Rosa)

Nacala em 1954:

 A professora está a andar.
A Alice Rosa está de pé.






1953- " Os mais crescidos são" :
Esq./dir. Alice, Genito e irmã, Belita
Cortes











Esq/dir.:
- ?  Isabel, Milú, Ana Maria, Belinha  Estorninho e o irmão António .
Seabra e...













1956
Esq/dir. Eduarda, Suzete, Natália(em frente dela o Carlitos Oliveira e  Mª Clara (Telá), Alice Rosa e pai, Elisa  e Mabília Oliveira e a irmã da Suzete (Anabela).




Escola Primária em Nacala 1956 com a Prof. "Noronha"
Em cima Esq./dir.

Isabel Vasconcelos; Mabília e Elisa Oliveira;
Bébé Cabral; Alice Rosa, Eduarda Piedade (Nita);
Fernando Seabra; Eugénio Cortês (Genito);
Victor Agostinho; José Patacola; Toninho Cabral
Em baixo: Isabel Estorninho(Belinha); Ana Maria
? ; Anabela Cortês (Belita); Ica Cabral; João Meireles; Guta Cabral; ? Carlos Ferrer




10.06.1957 - Elisa em "La violetera"


Em baixo:

Suzete Monteiro

e Ana Maria






Nampula em 26.04.1959
Marcha da E.I.C.
Esq./dir.- Antonieta Dias; Lila Maria; Mª da Conceição; Elisa Oliveira ; Edite Rodrigues e Natália Oliveira





Banda da Escola em "Kanimambo"



Solistas: Adelaide; Armanda e Elisa

No Parque Felgueiras e Sousa
Nampula 1962
A criança é Belita (minha sobrinha)Elisa; Elisabete; Mª José e Mª José Freitas

No Bairro Muala- Nampula- 16/06/1963




Esq.João Rebelo; Maria Jesus; Nita; Mabília; Lino; Mª José; Elisa; Elisabete e Madail Mandes
crianças: Rui e Lena ; Belia e São




05/05/1963 na Ilha de Moçambique

No riquechó:
Mª Jesus; Maria Rosário
Elisa











Na praia "Tonecas"na Melala em 1969
eu com a Lee Choi Há













Páscoa de 1976


Ao pé da Igreja:


Frei Marcos; Irmã Clarisse;


Os meus pais; irmã Modesta e o


Catequista











Agosto de 1976
Nacala
Na despedida das minhas
filhas para Portugal
ao lado da minha casa


















terça-feira, 22 de maio de 2007

NACALA - Moçambique

Era uma vez...

Uma menina que era muito "envergonhada", mas que gostava muito de cantar e fazer teatro. Isso serviu-lhe para que na Escola Primária a aproveitassem para "representações" diversas tais como: teatro, poesia e canções, principalmente no dia 10 de Junhodia de Portugal, para ela usar os seus talentos e assim ter começado a desinibir-se.
Essa menina chama-se Elisa.
Isto passou-se num lugar muito distante, na costa Oriental da África, num grande País que é Moçambique.
Viveu primeiramente numa terra chamada LUMBO, que ficava mesmo em frente da Ilha de Moçambique ( 1954/1955). Como o pai era Ferroviário, foi transferido para Nacala Porto, também conhecida pelos naturais como: MAIAIA.
Nacala-Porto tem uma bela baía, a cerca de  12kms, chamada Fernão Veloso. De águas muito límpidas, onde se vê o fundo do mar é de um azul esverdeado que nos faz sonhar...
Vivíamos nessa altura, bem pertinho do mar... apenas uns 400/500 m da praia. Imaginem que maravilha! 
Com que saudades, recordo também quando depois da Escola, íamos até ao mato apanhar e comer as pequeninas maçanitas, o caju (fruto ácido que dá a saborosa castanha) , o jambalau e as boas e saborosas mangas. As deliciosas atas, goiabas e papaias, essas tínhamos-las nos nossos quintais.



















Que vida tão feliz e tão descontraída!!!

A povoação era constituída por pequenas casas, algumas de madeira e zinco (por isso muito quentes). Só havia duas Estações do ano e o calor era mesmo abrasador- (transpirava-se o dia todo)...
Tínhamos de tomar o quinino, posteriormente substituído pela resoquina, por causa do paludismo. Mesmo assim, as febres quando vinham, eram mesmo muito altas.
Quando era garota, porque tinha a pele muito branca, com o calor, ficava com o corpo todo cheio de umas borbulhinhas vermelhas, que davam por nome de líquen e que davam muita comichão.
Nessa altura a carne que se comia era apenas de caça e ou galinhas, tão saborosas, que se compravam aos indígenas que vinham vender em cangarras, às casas dos europeus. Por isso, normalmente as pessoas, tinham criação de animais em suas casas.
Vou contar um caso que por ser interessante, mais parece uma história. A minha mãe teve sempre muitos animais de criação: coelhos, galinhas e patos. Um dia decidiu criar também um leitão. Dizia ela que era para um dia fazer a matança do porco e fazer chouriços, morcelas, presunto etc., como se fazia em Portugal. O leitãozinho foi crescendo e via os patos atrás da minha mãe, quando ela ía ao quintal para deitar comida aos animais. Assim sempre que ela se dirigia ao quintal ..era de rir ao vermos como os patos, seguidos dos patinhos e por fim o leitão, seguirem a minha mãe para todo o lado...
Acabou por se afeiçoar tanto ao mesmo, que quando o meu pai viu que estava na altura de o matar, até lhe pediu que não o fizesse! Copmo era possível!?
Depois o nosso mainato (criado) Abacar, dizia :
-"ei meninas, eu nunca vistes coisa assim, "- parece chiquembo (feitiço)!

Mas como vivíamos junto ao mar, não nos faltava o saboroso carapau, o peixe serra, as garopas, as lulas, os polvos, etc,  para não falar do excelente marisco. Fazia-se caril de caranguejo a maior parte dos domingos e do camarão, nem é bom lembrar!

E o que nós comprávamos com apenas uma quinhenta. Muito dinheiro na altura.
Também é célebre a frase dos mufanas (garotos),  a pedir:

- "ei patrão, quinhenta, por favor!"


Recordo ainda hoje os grandes batuques, onde os nativos, ao fim- de- semana, dançavam e cantavam toda a noite, com a sua hilariante alegria! E como era belo ver as mulheres, com as suas lindas capulanas, cheias de  cor! 
A vida era calma, alegre e formávamos como que uma família
Não havia  grandes receios ou medos...
Ao Domingo, a pequenada depois da missa, dirigia-se logo pelas 8h00 à Estação dos C.F.M, para esperar a automotora que vinha de Nampula, uma cidade muito bonita e que ficava no interior a cerca de 200 km. Trazia pessoas que vinham aproveitar os banhos de mar. Imaginem que às vezes, a automotora atrasava 15 minutos. Isso significava que tinha tido um furo num pneu!
É verdade... a automotora tinha rodas com pneus.


Na Estação dos C.F.M.-Nacala-1956
(Alice, Natália; ? Ica Cabral, Milu Patalica, Bébé Cabral, Anabela Cortês, Ana Maria, Elisa e Mabília)

A maior parte das vezes ao Domingo o tempo era passado na praia onde se faziam os pic-niques. No final da tarde, depois da partida da automotora, havia as tardes dançantes no Parrô, o Clube do Ferroviário, que ficava em frente do mar.
Essa menina foi crescendo e queria continuar a estudar. Só que a localidade era tão pequenina, que só tinha Escola Primária. Assim  depois do exame de admissão à Escola Técnica, teve de ir para a tal cidade distante - Nampula!
Em Setembro de 1957, vai para casa de um casal amigo dos pais e... sente-se muito triste!
Mas, como era cheia de vida e de alegria, logo pensou inserir-se no grupo de teatro e da banda da Escola. Fez muitos amigos por lá até ao final do Curso Comercial.











Foto no Bairro da Muala
onde viveu com a sua irmã: 






Finalistas do ano lectivo: 1962/63
no Clube do Niassa.
Ao fundo e ao centro, vê-se o Governador Civil (Granjo Pires) e esposa, bem como o sub-director da Escola.
A "rainha" de Finalistas foi a Natália Oliveira
O "rei" foi o Rui Cabral.








Esta era a bela cidade de Nampula

O tempo foi passando e com ele tudo mudou.
A menina tornou-se mulher, voltou para a sua terra de eleição, onde viviam seus pais. depois empregou-se e ...conheceu um rapaz que  tinha vindo de Lourenço Marques e depois do namoro casou em 1965 na: Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem de Nacala .

Nacala foi crescendo e tornou-se depois numa bonita cidade também.
Posteriormente como tivesse visto um bom futuro nos Bancos, decidiu concorrer ao Banco Nacional Ultramarino (lá era um Banco emissor) e deixou os Correios.
Teve três filhos e construiu uma casa muito bonita na parte alta da cidade, pois pensava ficar para sempre naquela nova cidade.

Mas, afinal...
a vida dá muita volta...





Dá-se o 25 de Abril de 1974 na Metrópole.
Com a Independência de Moçambique, em Junho 1975, começa a debandada daquele País.

O então presidente da Frelimo de nome Samora Machel, em cada discurso que fazia, (onde demonstrava muito ódio e racismo), faz com que se encham os aviões e os navios com destino a Portugal. Todos querem ir embora- enquanto é tempo!
São tempos de vinganças, assaltos, prisões mas sobretudo, de muito medo!
Nos comícios as palavras de ordem eram:
"abaixo o colonialismo, abaixo o racismo; o imperialismo". "Fora com o inimigo do Povo", (ideologia Marxista).
Fazem-se acordos (os do B.N.U. - cooperação com o Banco de Moçambique). Alguns ainda com sonhos de que talvez conseguissem lá ficar! 
Mas o Partido da Frelimo, não tem interesse em que o português lá permanecesse...
Vieram as nacionalizações. Os géneros alimentícios começam a faltar. A insegurança era total!

Os cooperantes, não ficaram imunes! As prisões passaram a ser constantes, ao ponto de em 1977 ter saido uma lei para protecção dos cooperantes: expulsão do País em 24h00, se não fosse julgado!
Como recordo também as "lavagens ao cérebro" que nos faziam semanalmente (após horário laboral, sem hora fixa para acabar) da comissão de trabalhadores do partido, para nos engajarmos.

Em Março de 1978,  termino o meu contracto com o Banco de Moçambique e venho para Portugal Continental ou Metrópole (como nós lá dizíamos). Sou colocada em Vila Nova de Ourém, sem família ou amigos. Dias de muita angústia e sofrimento (longe de todos os meus entes queridos).
Os meus pais voltaram às origens e encontravam-se a viver em Vildemoínhos - Viseu com as minhas filhas, que tinham vindo com eles em 1976,
Junho de 1978, foi o regresso do meu marido e é colocado na cidade de Leiria. Por isso, passado um ano consigo a transferência para esta cidade do Lis, onde passamos a residir, sem no entanto termos também qualquer familiar ou amigos. Anos de desenraizamento e de adaptação!
Apelidavam-nos de retornadosAs pessoas identificavam-nos,  até por certas expressões que usávamos e que eram desconhecidas aqui. Por exemplo:
"Tá-tá"(adeus), a geleira, o maxibombo, o zipe, uma chuingum, uma quinhenta, "suca"(para os cães), maningue, chonguila, marrusse, kanimambo, etc.
Quando em Outubro do ano 2000 entrei na  pré-reforma, porque sempre fui muito ligada à amizade, decidi começar a procurar e localizar os antigos colegas e amigos de Nampula.
Demorou cerca de dois anos em pesquisas, para descobrir a maioria e assim  poder organizar um encontro, com os antigos alunos da E.I.C.- Neutel de Abreu de Nampula, dos 40 anos do Curso. 

Aconteceu  a 5 de Abril de 2003, num almoço/convívio na Quinta do Paul- Ortigosa -Leiria, onde houve também uma parte recreativa/cultural, com Fados, pela agora Dr.Mª Jesus Marques Ferreira, poemas lidos e cantados por Elisa, (retirados do Livro IKOMA) da autoria da nossa também Doutora Maria Rosário Almeida, quadras alusivas, feitas também por mim e a participação do Coral a que pertenço (da CGD - ex BNU).
Recordando um"enxerto" de alguns poemas da autoria da Maria do Rosário:
Começava assim:
"Elisa ou é, Elisa ou á... que lindos poemas que tu vais cantar..."


E logo os amigos foram -me dizendo, para ir pensando em organizar a Festa para as BODAS DE OURO, da nossa querida Escola, que seriam daí a dois anos.

Este grande acontecimento,  realizou-se no dia 2 de Abril de 2005, no Hotel Cristal da Praia da Vieira e teve a presença de 250 antigos alunos, pessoal administrativo e professores. 
Foram momentos de  muita alegria, com canções, bailarico e ainda um filme, elaborado pela Maria de Jesus, recordando os tempos remotos e actuais da Escola e alunos, que nos encheu de emoção!
Elaborei ainda um livrinho com as moradas obtidas e que totalizam para cima de 350 (c/moradas, telefones fixos/móveis e endereços electrónicos).

A finalizar gostaria de dizer que afinal depois da minha adaptação a Portugal, voltei a fazer novas amizades. Hoje sou eu que organizo os almoços de antigos empregados do B.N.U-Leiria. Pertenço também à Direcção do Coral do B.N.U. e organizo ainda os passeios para o mesmo...
Tenho maningues amigos!

O mais difícil, passou...
Descobrir-vos, fazer lista...
Quem os Amigos encontrou

NÃO MAIS OS PERCA DE VISTA!














Num passeio do Coral a Leça da Palmeira
anos 90 (quando a maioria dos homens eram ainda colegas do Banco).
Esq. Cima: Carvalho Sousa, Carlos Sousa, Louro, Viriato, Joaquim Casal, Adriano Santos, Luis Guerra, João Loureiro, Victor Brites, Jaime Em baixo: Genialda, Emilia, Wilma, Dina, Manuela, Pieedade, Lurdes, Lucilia, Mª. Anjos, Júlia, Emilia Carvalho.
João Pinto, Elisa,Ana,( filha do Armando), Manuel Santos, Joaquim Narciso (maestro), Armando Fernandes e António Carvalho.








Num convívio dos colegas do BNU-Leiria em 1993.




















Por fim o Coral, do qual faço parte, desde o início.















segunda-feira, 21 de maio de 2007

Pretende este Blog, contar vivências de África e inserir fotos, principalmente do Norte de Moçambique, Nacala e Nampula, locais da minha infância. Partilhar com os meus amigos da Escola Industrial e Comercial Neutel de Abreu de Nampula, a amizade e a alegria que aquele País nos proporcionou e que dura até aos nossos dias.

Pretende ainda contar o porquê de eu estar a viver em Leiria e de todo o percurso após o regresso a Portugal